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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Artes Aplicadas


O interesse de José Lanzellotti pelo regionalismo e pela cultura brasileira em geral repercutiu em diversas áreas de atividade. Não só na documentação - através dos desenhos - e na criação - pela pintura - como também na aplicação em coisas funcionais. Ele introduziu motivos de inspiração nacional em lenços de cabeça, gravatas, folhinhas e cartões de natal. E criou uma estória em quadrinhos com herói brasileiro. Em vez de super-homem voador, como os que faziam sucesso na época - por volta de 1940 -, a personagem principal de sua estória era o cangaceiro Raimundo.
Ao visitar, um dia, a feira de Caruraru, deteve-se diante de um tabuleiro de cerâmicas, para admirar os bonequinhos de barro. Havia, entre eles, uma série de cangaceiros - Lampião, Corisco, e vários outros. Mas o que chamou a atenção foi ver que um deles chamava-se Raimundo. Intrigado foi indagar sobre a origem do nome, com o próprio ceramista - José Rodrigues - e descobriu que se tratava de fato do herói de sua estória em quadrinhos.
Lanzellotti recorda esse episódio como um dos mais gratificantes de sua vida.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um estilo Brasileiro


Um estilo Brasileiro

Depois de documentar, com seus desenhos, os tipos físicos, os trajes, as danças, os utensílios etc, de cada região que visitou, convencionou-se da necessidade de se criar um estilo brasileiro na pintura. " Estava cansado de todos os ismos e estilos importados que nada tinham a ver com nosso tropicalismo e com a nossa maneira de ser".

Seu objetivo era mostrar na pintura "um ponto de vista estético de nosso povo".

"Porque até na postura, na maneira de andar, o brasileiro tem uma personalidade muito caractirística".

Lanzellotti explica melhor seu propósito:

Eu não iria propriamente criar um estilo, mas desenvolvê-lo, a partir de manifestações populares. Fazer dessas manifestações arte de erudição, como fez Villa Lobos nas Bachianas.
A proposta, entretanto, não vingou. E Lanzellotti cita, entre os motivos que contribuiram para seu fracasso, a "adversidade do meio" e a "incompreensão dos marchands e donos de galerias".
Com seu trabalho de documentação - cerca de 450 desenhos, ele obteve, pelo menos, reconhecimento. Afonso Schmidt considerou-o um "autêntico Debret". Mas isso não bastou para que ele conseguisse ter seu trabalho divulgado.

- Tentei bastante. passei muitas horas em ante-salas e corredores de secretarias, e ouvi sempre a mesma coisa: não há verba.

Enfim, uma comissão de professores constituida por iniciativa do Governo do Estado, da qual faziam parte Alceu Maynard Araújo e Rossini Tavares de Lima, entre outros, examinou seu trabalho. E considerou-o sério, útil e de alto nível.
Por isso, uma parte dos desenhos - a metade deles - foi adquirida pelo conselho Estadual da Cultura.As pranchas restantes só sairam das gavetas recentemente, para se transformarem nos facículos "Brasil, Costumes e Lendas". Esgotada a primeira edição, de 80 mil exemplares, já foi lançada a segunda e, futuramente, poderá haver outras.